Palacete Bolonha

  • Palácio
  • Belém
  • Pará
  • Tombado
  • Bem cuidado

Descrição

Durante o “Ciclo da Borracha” na Amazônia surgiram numerosas construções particulares na cidade de Belém, capital do Estado do Pará, chamadas de palacetes. Seus proprietários eram ricos comerciantes, políticos e milionários da época. Seus nomes identificavam os imóveis por eles construídos: Pinho, Faciola, Bolonha, Montenegro, Virgilio Sampaio, Carlos Bricio da Costa, Vitor Maria da Silva e muitos outros, que pela insensibilidade e especulação imobiliária foram, alguns, demolidos.

Nos salões desses palacetes, muitas vezes eram decididos o futuro político e econômico do Município e do Estado, além de ser o “palco” do que havia de melhor na vida social paraense. Neles aconteciam suntuosos saraus, recitais, bailes, jantares, onde desfilavam a elegante moda parisiense e londrina, importadas com exclusividade pela elite belenense.

O Palacete Bolonha foi construído na primeira década do século XX, na estrada de São Jerônimo, 145 (hoje, Av. Governador José Malcher, 295) esquina com a Rua Dr. Moraes. Na fachada, o requinte dos palacetes europeus, aliados a forte influência das técnicas das exposições industriais europeias. Refletindo como um bordado raro, o barroco, o rococó.

A construção do Palacete Bolonha ocorreu, segundo relatos familiares, à promessa e testemunho de amor de Francisco Bolonha a sua esposa, Alice Tem Brink Bolonha, que não queria deixar a capital do país, o Rio de Janeiro e vir morar em Belém do Pará.

No caminho ao adentrar ao palacete, passa-se por portão em gradil elaborados, em estilo art-nouveau. O hall coberto, ao nível do primeiro pavimento e com acesso por escada, antecede o interior da edificação. Nesse espaço o sinal da fé paraense está presente: em um nicho elevado na parede, entre as portas à direita e à esquerda, uma imagem sacra. Em seu piso, em pastilha, observa-se a figura de um cão com a inscrição em latim “cave canem” – “cuidado com o cão”.

Planejada com afortunada inteligência e harmonia, a ventilação no Palacete busca amenizar o calor regional. Nos andares, uma abertura retangular na parede, capta o ar vindo da Dr. Moraes e São Jerônimo, permitindo que se propagasse pelos pisos superiores, através da escadaria helicoidal de uso dos empregados.

Vários recintos são revestidos por mármore e madeira de lei e que causam deslumbramento. Ao talento pianístico de Alice, Bolonha dedicou uma sala de visita/ música ricamente decorada, onde se reunia a elite paraense para se enlevar em memoráveis recitais.

Nos banheiros e lavabos, as louças e torneiras, são inglesas. Existem pinturas nos azulejos, e um dos motivos é “rosas de todo o ano”. Complementando a decoração, azulejos brancos com monogramas em ouro e altos relevos em porcelana.

A cobertura com mansarda, possui telhas em ardósia vivamente pintadas, em formidável jogo visual, admirado a distância. O Palacete Bolonha é importante e singular exemplo do estilo eclético na cidade de Belém. Na época, um dos prédios mais altos da cidade. Com cinco pavimentos, incluindo a mansarda, sob a qual o engenheiro criou espaços que usava como depósito. Nesse pavimento, existe um mirante para visualizar a cidade.

O excesso de elementos nas fachadas faz dele o palacete do exagero decorativo, no entanto, com harmonia e por isso, o exemplo mais interessante dentre os palacetes “da borracha”. A ornamentação nas fachadas usou o que estava à disposição nos catálogos de materiais de construção no inicio do século XX. O palacete possui rincões, calhas e cumeeiras em chapas e elementos de metal, ricamente trabalhados e decorados. Balaustradas em pedra e em argamassa, vãos e janelas em arco pleno, arco abaulado e plano – obedecendo a critério do projetista, de diferenciação por pavimento. Nas fachadas principais, pelo Governador José Malcher e Passagem Bolonha, existem apliques de anjos e guirlandas em estuque, nichos com estátuas, entre alguns elementos decorativos.

O ecletismo surgiu em Belém na figura dos palacetes e mansões, frutos em geral de pessoas enriquecidas no comércio da borracha ou em outras atividades comerciais, resultantes do “boom” econômico do Ciclo da Borracha. Os modelos europeus exerceram relevante papel na arquitetura civil belenense durante o período marcado pelo desenvolvimento oriundo da economia do látex. As frequentes viagens das famílias paraenses à Europa, a educação da juventude nos colégios parisienses, propiciaram a formação de uma mentalidade impregnada aos temas e a cultura europeia, sobretudo da França e da Inglaterra.

  • Tombado em 1982
  • Jurisdição Estadual

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