Coleção de Cerâmica Tapajônica
Descrição
[…] essa riquíssima coleção, formada por 1.444 peças, que nos levam a saber mais sobre a cultura e o cotidiano das populações originárias que habitavam o Oeste do Pará. Atribuídas à população indígena dos Tapajó, do período pré-colonial, as cerâmicas tapajônicas são consideradas um dos artefatos arqueológicos mais antigos das Américas. Há peças expostas no Museu do Encontro (Forte do Presépio), Museu de Gemas do Pará (Pólo Joalheiro) e nesse pequeno recorte que trouxemos pra você.
No início do século XX, ocorrem nas ruas de Santarém alguns achados fortuitos de material arqueológico, decorrentes da erosão provocada por fortes chuvas e do aumento da ocupação das terras nessa região para a produção agrícola. Como relata Leandro Tocantins, autor de vários livros sobre a história da Amazônia, quando se perceberam aquelas peças, a população local “recolheu-as em plena rua, nos barrancos, nas fraldas da colina, e logo apelidou o material de ‘caretas’, provindo o nome pitoresco da predominância de cabeças de bichos, entes humanos em formas esquisitas” (TOCANTINS, 2000, p. 180).
A notícia correu, e logo foram muitos os santarenenses que coletaram peças, que, depois, foram vendidas, porque por elas se interessaram colecionadores de antiguidade e sabedores de que teriam valia para acervos museológicos.
[…]
Entre 1923 e 1926, Nimuendajú esteve em Santarém, onde localiza 65 sítios arqueológicos, e na Ilha do Marajó, onde aponta outros mais. Registrou em manuscritos suas descobertas, nos quais faz constar a síntese de suas pesquisas. Contudo foi apenas em 1939 que o material sobre os Tapajó foi divulgado, em alemão (Die Tapajó). Posteriormente, em 1949, John Howland Rowe traduziu esse material para o inglês e o editou, em 1952, para publicá-lo como artigo na revista da Kroeber Anthropological Society sob o título The Tapajó 19 . Desde então, a cerâmica tapajônica passou a constar, no meio acadêmico, como um conjunto específico de cultura material a ser estudado.
[…]
Sobre os achados cerâmicos, Nimuendajú comenta serem abundantes os fragmentos no bairro Aldeia, especialmente a Rua da Alegria e as que a cruzam. O bairro teria se originado onde se concentrara a população indígena na época da colonização Espanta-se o pesquisador que, após 200 anos, com pessoas, animais e veículos “esmagando essa superfície diariamente”, ainda se encontrassem peças cerâmicas em tão bom estado.